Palavrão não condiz com a imagem de um bom católico

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Padre David Francisquini

“Deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca” (Colossenses 3,8).

PERGUNTA – Um amigo me comentou recentemente que havia parado de dizer palavrões, pois lhe tinham dito que era pecado. Acrescentou que recomeçara, porque não via nada de prejudicial nisso, desde que evitasse insultar a Deus, ofender injustamente o próximo ou proferi-los em situações inapropriadas — num exame oral, numa entrevista para conseguir emprego, por exemplo. Acrescentou ainda que, sendo colérico, era justificável liberar a pressão da panela soltando palavrões. Objetei que tal hábito não condiz com a boa imagem de um católico. Ele me respondeu que quase todas as pessoas gostam de ouvir palavrões e que estes até ajudam a apimentar as conversas e a fazer-se passar por simpático. O que o senhor tem a dizer a respeito?

RESPOSTA – Na cultura popular de hoje, dizer palavrões ou usar linguagem chula é extremamente comum, tendo a vulgaridade se tornado habitual na música, no cinema, na literatura e na linguagem cotidiana, chegando-se ao extremo de moças e até mesmo senhoras soltarem palavrões. Isso à primeira vista pode não parecer pecado, sob a alegação de não se ter necessariamente a intenção de ofender a Deus ou machucar alguém e, quando o fazem, é visto apenas como fruto de uma irritação passageira e sem consequências. Mas a realidade é mais profunda, e mais rigorosa a resposta. Se o palavrão ou a linguagem vulgar inclui de alguma maneira o nome de Deus, de Jesus Cristo, da Virgem Maria e dos santos, isso é uma violação direta do Segundo Mandamento, que impõe não usar o santo nome de Deus em vão. Se no ato de xingar se ofende o próximo com nomes ou adjetivos vulgares, isso pode constituir um pecado de injúria contra o oitavo mandamento e, de qualquer maneira, vai contra o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o respeito devido à honra do próximo (n. 2158): “Deus chama a cada um pelo seu nome. O nome de todo o homem é sagrado. O nome é a imagem da pessoa. Exige respeito, como sinal da dignidade de quem por ele se identifica”. Por fim, se o palavrão inclui cumulativamente referências impudicas a órgãos ou questões sexuais, isso entra em colisão também com o sexto mandamento, que proíbe as palavras e canções licenciosas.

Condenações nas Sagradas Escrituras

Existe ainda uma zona cinzenta de palavrões que não entram em nenhum dos três casos acima, mas que constituem uma linguagem vulgar, frequentemente relacionada com funções corporais indecorosas. A Bíblia é muito severa a esse respeito:

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (São Lucas, 6, 45).

“Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai dele. Eis o que mancha o homem” (São Mateus 15,11).

“Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado” (São Mateus 12, 36-37).

“Que as vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal [da sabedoria], e saibais responder a cada um devidamente” (Colossenses 4, 6).

“Deixai de lado todas estas coisas: ira, animosidade, maledicência, maldade, palavras torpes da vossa boca” (Colossenses 3,8).

“Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos. Nada de obscenidades, de conversas tolas ou levianas, porque tais coisas não convêm; em vez disso, ações de graças” (Efésios 5, 3-4).

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1 Comentário para “Palavrão não condiz com a imagem de um bom católico”

  1. Kevin Comentou:

    Excelente texto.

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